Assunto recorrente quando se fala em dança, os pés das bailarinas são a única parte do corpo que pode ficar feia com a prática do balé. Principalmente para quem dança na ponta e em épocas de muitos ensaios, é normal ter bolhas causadas pelo atrito de partes da sapatilha na pele (que acaba ficando úmida de suor), calos e unhas encravadas, quebradas ou pretas.
Existem alguns acessórios criados para minimizar esses problemas e cada pé precisa de uma solução. Por isso vou listar algumas coisas que você pode fazer para evitar problemas ou consertar o estrago. Conforme sua experiência vai aumentando, o pé "caleja" e, apesar de feio, fica no ponto para dançar.
Hoje em dia é muito raro eu ter problemas com meu pé. Isso porque desde que uso a sapatilha de ponta Gaynor Minden a formação de bolhas nunca chegou ao ponto insuportável. A Gaynor é muito confortável, apesar de não ser a ponta que eu acho mais bonita no pé. E a marca também tem acessórios muito bons para proteger os dedos, apesar de eu somente usar uma ponteira fina de silicone. Acho que o que contribui para que eu não tenha outros perrengues é o fato de há anos não tirar mais as cutículas e deixar minha unha no toco. Falando assim parece que tenho um pé de dinossauro, mas juro por tudo que é mais sagrado que as pessoas se espantam com o pé da bailarina aqui... ele é bem bonitinho.
Unhas
É claro que bater a ponta dos pés no chão todo dia causa lesões nas unhas. Aos poucos, ela vai ficando mais resistente, por isso a gente não pode desistir. O que complica a situação é o cuidado inadequado com os pés, o corte errado, fungos, ou executar exercícios de forma errada em um piso muito duro.
O corte ideal das unhas é o mais curto possível (perto da carne) no centro e reto nas bordas, mas lembrando de não deixar pontas que possam "entrar" na pele e encravar. Se seus cantos já são curtos, o ideal é lixar, e também fazer isso duas ou três vezes por semana nas partes que crescerem mais.
Muitos bailarinos têm as unhas rachadas, com sangramento, inflamações e que ficam pretas em alguns dias. Isso tudo é causado por impacto e, para evitar que aconteça, deve-se cortar a unha muito curta mesmo, quase na carne.
Se a unha ficar solta, o perigo é infeccionar. É aflitivo, mas deve-se cortar toda a parte solta e limpar sempre muito bem, com água e sabão.
Vale lembrar que os casos mais graves precisam de orientação médica. Talvez um podólogo.
Se puder evitar calçar sapatos ou sapatilhas por alguns dias, melhor. A formação de uma nova unha pode levar cerca de 3 meses. Muita gente usa um anestésico tópico na lesão, mas os especialistas não recomendam. Lembre-se que tudo pode piorar e procure sempre um médico quando sentir necessidade.
Se a unha estiver com um aspecto grosso, com uma cor estranha, pode ser fungo. Esse probleminha é chato, mas simples de tratar. Porém ele nem sempre desaparece de vez. Existem remédios tópicos e um comprimido que ajuda muito, porém o tratamento pode ser de longo prazo. Para ajudar, você tem sempre que manter os pés secos, as sapatilhas limpas e arejadas e evitar contato com cortadores de unha ou calçados de outras pessoas.
Calos
Assim como o cabelo e as unhas, calos são uma secreção da pele composta da proteína queratina. Eles são produzidos pela pressão da pele, algumas vezes sendo dolorosos. Em alguns casos, eles criam feridas que podem infeccionar, ficando inchados e vermelhos. Um calo infeccionado é especialmente perigoso se estiver entre os terceiro e quarto dedos, uma área em que muitos bailarinos têm um certo grau de dormência. Fica parecendo uma espinha inflamada entre os dedos e deve ser tratado por um profissional.
As ponteiras ajudam bastante a suportar o incômodo causado pelos calos. Não tente removê-los com soluções vendidas em farmácia. Se incomodarem demais, podem ser removidos por especialistas, mas acabam voltando nos mesmos lugares onde a pressão persistir. Podólogos geralmente conseguem tratar dos calos. Lembre-se que este problema faz parte da vida da bailarina e que você se acostuma com ele.
Bolhas
As bolhas são também parte do processo de "endurecimento" dos pés. Como as outras lesões que discutimos, bolhas pode ser minimizadas pela escolha da sapatilha certa para seu tipo de pé (já falei neste post aqui como escolher a ponta certa). No entanto, quase todo mundo desenvolve bolhas com sapatilhas novas. As bolhas aparecem em uma nova área do pé está sendo esfregada de repente - talvez a parte de trás do calcanhar, onde o cordão pega, ou quando a gáspea da sapatilha bate a cabeça dos metatarsos dos dedos dos pés (os nós dos dedos), ou em qualquer dedo do pé.
Bolhas ocorrem quando os sapatos e meias esfregam com força a pele, especialmente se o excesso de calor é gerado (e com o suor para agravar). Pessoas mais suscetíveis às bolhas parecem ser aqueles cuja camada mais externa da pele não é tão fortemente ligada à camada de pele de baixo. Para evitar as bolhas, a medida mais comum é passam esparadrapo em todos os dedos e locais onde a bolha pode ser formar. Outra medida preventiva, e é a aplicação da tintura de benzoin, disponível em farmácias, na pele antes de colocar a meia-calça (evitando rugas). O benzoin faz com que as meias engrossem e então a sapatilha agarra na meia. O que resolve de verdade é aprender a suportá-las e deixar a pele engrossar naturalmente.
O que dá pra fazer de imediato com as bolhas é um curativo simples. Se ela estourar sozinha, o certo é usar uma pomada antibacteriana. Jamais tente estourar suas bolhas, o que pode infeccionar muito seriamente e ficar feio... Se ela continuar dolorida e inflamada, procure um médico, que poderá fazer a punção da forma correta.
Acessórios
Hoje em dia existem muitas opções para proteger os dedos e pés das bailarinas.
Fiz um TOP TEN com o que acho mais importante ter na bolsa de ballet:
1 - Eurotard Feather Lites Gel Toe Pads – Essas ponteiras são as mais finas da marca Eurotard. A minha é a rosa e acho meio difícil de encontrar aqui no Brasil, mas ela dura muito. Tenho há mais de 5 anos e não posso pensar em ficar sem.
2 - Eurotard azul – É uma ponteira bem grossa, que tenho em casa e NUNCA consegui usar. Mas é questão de gosto mesmo, porque a qualidade da marca é muito boa. Comprei na Evolution Pirouette, e ela é bem carinha.
3 - Ouch Pouch Caroussel – essa ponteira da marca Bunheads é a queridinhas de muitas bailarinas. Como não tenho coragem de abrir mão da minha, não testei ainda, mas ela parece fina e confortável. E essa é a versão colorida (tem outras cores vibrantes no site). Linda, né?
4 - Ouch Pouch tradicional.
5 - Ponteira ToeSavers Prima da Danztech – por muitos anos foi a que usei. É uma ponteira recheada de Z-Flo, o fluido mais leve do mundo, e Gelastic um gel termoplástico extremamente macio e resiliente que vai amolecendo com o calor do pé. Gosto por ser fina e proteger, mas ela tem o inconveniente de se deformar durante a aula/ensaio.
6 – Lã de carneiro – achei uma fofura essa lã da Bunheads para ajudar a proteger os pés. Lembra coisa antiga. Alguém já usou?
7 – Band-Aid líquido. Umas das maravilhas da tecnologia pra salvar do sufoco na hora H. Tem um cheirinho forte, mas adere na pele melhor que os adesivos.
8 e 9 – Jelly Toes e Jelly Tips. Tecidos com silicone que abraçam cada dedinho. Acho meio estranho, mas tem quem ame.
10 – O bom e velho esparadrapo. Prefiro o impermeável mesmo e dos grandes, que vou cortando de acordo com a parte que quero proteger.
A verdade é que quanto menos você mexe, mais deixa seu pé se acostumar sozinho com o destino que deu a ele.
Fontes, imagens e sites consultados:
Dance Magazine
Evolution Pirouette
Ponta Firme
Bunheads
Capezio Store
eDance
Farmagora